Saiba como calcular a depreciação dos ativos na sua empresa

O que é depreciação de ativos? Ela pode ser evitada? Quais são as implicações contábeis? Confira no post!

No empreendedorismo, o termo “depreciação” pode causar alguns calafrios nos gestores. Afinal, ele se relaciona à perda de valor de determinados bens que a empresa possui, tanto os tangíveis quanto os intangíveis.

A depreciação é um processo natural, mas que pode ser acompanhada e, em alguns casos, retardada.

Afonso Melotti, que tem um MBA em Gestão Empresarial, vai explicar melhor o conceito e mostrar como os empreendedores brasileiros podem lidar com ele.

Continue a leitura para entender o que é depreciação, os diferentes tipos e as maneiras de realizar o cálculo!

O que é a depreciação?

É todo processo de desvalorização pelo qual um ativo corporativo passa, causado por fatores como o desgaste e a obsolescência naturais.

A depreciação afeta ativos de todo tipo dentro de uma empresa. Todo equipamento que o gestor adquire, por exemplo, tem um ciclo útil que se inicia no momento em que o bem é comprado. Com o tempo, ele vai perdendo parte do valor inicial que foi desembolsado.

De acordo com o Sebrae, a depreciação tem quatro fases: a aquisição, a implantação, a operação e a desativação. A definição desse último não é necessariamente o descarte:

“A análise do equipamento avalia a necessidade de substituição”.

Como funciona a depreciação?

A depreciação afeta tanto os bens tangíveis (equipamentos, maquinário) como intangíveis — licenças de software, por exemplo, que se tornarão obsoletos com o tempo e receberão atualizações ou serão substituídos. Conheça os fatores que influenciam nessa mensuração.

Vida útil

A previsão de horas de operação ou a produção estimada ao longo do tempo também pode influenciar na definição da vida útil. A manutenção e conservação do ativo desempenham um papel fundamental. “Ativos que recebem manutenção regular e adequada podem durar mais, enquanto a falta de cuidados pode reduzir drasticamente sua vida útil”, ensina Afonso.

Obsolescência tecnológica

Afonso aponta que a obsolescência tecnológica é um fator crítico, especialmente para ativos relacionados à tecnologia, como computadores e equipamentos eletrônicos. “Com o rápido avanço tecnológico, é possível que esses ativos se tornem obsoletos antes de apresentarem qualquer desgaste físico significativo”, afirma o contador.

Condições ambientais

As condições ambientais em que o ativo opera também podem influenciar na sua durabilidade. Ativos que funcionam em ambientes adversos, como fábricas sujeitas à corrosão, altas temperaturas ou umidade, tendem a se desgastar mais rapidamente.

Limites legais e contratuais

Em alguns casos, limites legais ou contratuais podem influenciar a vida útil de um ativo. Setores regulados exigem a substituição de bens após um determinado período, independentemente de seu estado físico.

O histórico de ativos semelhantes é outro aspecto relevante, de acordo com Afonso: “o desempenho de ativos similares dentro da empresa ou no mercado pode fornecer uma base confiável para estimar a vida útil dos novos bens adquiridos”.

Por fim, é importante considerar o conceito de valor residual, que é o saldo estimado que ele apresentará no final de sua vida útil. Um valor residual significativo indica que o ativo terá uma vida útil mais longa.

Para que serve a depreciação?

Acompanhar a depreciação dentro de um empreendimento é fundamental para que o gestor entenda o estado atual de cada ativo. Assim, ele poderá substitui-los, aprimorá-los ou tomar qualquer outra atitude que mantenha a produtividade em alta.

Além disso, há o impacto em termos da contabilidade. Como explica Afonso Melotti, “o impacto é significativo na demonstração de resultados e no balanço patrimonial da empresa, refletindo a perda de valor dos ativos ao longo do tempo”.

Na demonstração de resultados, a depreciação aparece como uma despesa não monetária, ou seja, não envolve saída de caixa. Ela é contabilizada como um custo ou despesa operacional, dependendo da natureza do ativo em questão.

Esse lançamento contábil reduz o lucro operacional , o que, por sua vez, diminui os valores antes do cálculo de impostos e a mensuração do lucro líquido final. Ou seja, afeta diretamente na apuração tributária de alguns impostos e contribuições.

No balanço patrimonial, a depreciação acumulada reduz o valor contábil dos ativos fixos, como máquinas, veículos e equipamentos. O valor do bem é registrado como o custo histórico subtraído da depreciação acumulada, refletindo a perda de valor à medida que ele é utilizado.

“Esse processo também afeta o patrimônio líquido, pois a depreciação reduz o lucro líquido e, por consequência, diminui o patrimônio ao longo do tempo, já que os lucros não distribuídos são parte integrante dele”, explica Afonso.

É importante destacar que, embora a depreciação reduza o lucro, ela não afeta diretamente o caixa da empresa. Afinal, trata-se de uma despesa contábil que não apresenta movimentação financeira imediata.

Quais são os ativos depreciáveis e não depreciáveis?

Os bens depreciáveis são aqueles que perdem valor ao longo do tempo por diversos fatores. Alguns exemplos são os seguintes:

  • equipamentos e maquinários;
  • imóveis comerciais e ambientes industriais;
  • veículos;
  • softwares, ferramentas digitais e sistemas tecnológicos em geral;
  • instrumentos de trabalho diário e logística.

Já os não depreciáveis se encaixam em uma das duas variáveis: não perdem ao valor ao longo do tempo ou a sua vida útil não é simples de definir. Alguns exemplo:

  • terrenos;
  • investimentos financeiros de longo prazo, como ações na bolsa de valores e títulos;
  • obras de arte que a empresa tenha, se for o caso.

Como calcular a depreciação?

Existem algumas formas de realizar esse cálculo, de acordo com as ramificações do conceito de depreciação. Conheça os detalhes!

Método de unidades produzidas

Esse método leva em conta o valor total do ativo ao longo da sua vida útil. A cada exercício contábil, o valor da depreciação se soma ao que foi mensurado nos períodos anteriores.

Assim, forma-se um valor acumulado. Ele é subtraído em cima do preço original do ativo para que o gestor chegue ao valor líquido.

Uma das formas de calcular esse método é a seguinte, que leva em conta a produção total do ativo:

Depreciação por cada unidade produzida = valor depreciável / capacidade total de produção 

Já a segunda fórmula leva em consideração a depreciação mensal da unidade:

Depreciação mensal de unidades produzidas = depreciação por unidade x total de peças produzidas no mês

Método linear

Já no método linear, o valor depreciado é calculado de maneira constante ao longo do tempo, conforme a vida útil estimada do ativo.

Para realizar o cálculo linear, é preciso entender qual é o valor atual do ativo e a sua vida útil estimada em anos. Um exemplo: se um bem tem vida útil de 10 anos, sua taxa de depreciação é de 10% ao ano.

Método acelerado

Diferentemente do que ocorre com o método linear, a depreciação acelerada estima que o desgaste dos equipamentos e as despesas referentes aos ativos são maiores nos primeiros anos — e menores ao longo do tempo.

Um dos meios de calcular esse método é conhecido como depreciação declinante, que envolve a depreciação do ativo e o dobro daquilo que seria previsto pela modalidade linear. Se no exemplo anterior a taxa é de 10% ao ano, aqui seria de 20%.

Portanto, um ativo (uma máquina, por exemplo) que custou R$ 15 mil teria uma depreciação de 20% em seu primeiro ano, o equivalente a R$ 3 mil. Ao final do primeiro ano, o valor do equipamento de R$ 12 mil.

Já no segundo ano, a porcentagem de 20% seria aplicada ao saldo remanescente — isto é, em cima dos R$ 12 mil. Isso ocorrerá sucessivamente, até que o saldo atinja o chamado valor residual do ativo, que é o quanto se espera que ele valha depois de muitos anos de vida útil.

Agora que você entendeu o que é a depreciação e as diferentes formas de acompanhar os valores ao longo do tempo, já poderá monitorar a vida útil dos seus ativos de maneira mais precisa. Isso é importante para os exercícios contábeis e para entender o real patrimônio do seu empreendimento.

Para descobrir os segredos de um gerenciamento de sucesso, confira os conselhos de gestão de negócio do Marcelo Politi!

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