Em 2011, o termo Indústria 4.0 era usado pela primeira vez em uma feira industrial na Alemanha. Focada em automação e alta tecnologia, ela se transforma e, hoje, uma nova revolução começa a surgir: a indústria 5.0.
É surpreendente já falarmos de mudanças, quando todas as outras revoluções industriais levaram, pelo menos, 50 anos para acontecer. Porém, isso é reflexo de uma adesão e criação tecnológica cada vez mais rápida.
Tanto que, em 2022, dados da PINTEC Semestral do IBGE apontaram que 84,9%, de quase 10 mil empresas de médio e grande porte pesquisadas, usaram tecnologia digital avançada nas operações. Com a indústria 5.0, as possibilidades continuam a se expandir. Por isso, importa muito entender esse conceito.
A seguir, compreenda o que é essa nova fase industrial e como funcionaram as outras revoluções. Veja também os benefícios da revolução 5.0 para quem empreende. Boa leitura!
O que é indústria 5.0 ?
Para entender bem a revolução 5.0, é preciso relembrar o que a fase anterior trouxe. Basicamente, ela deu foco à tecnologia para criar soluções automatizadas, especialmente na indústria.
Com isso, áreas como robótica, Big Data e inteligência artificial foram essenciais para promover a personalização de produtos, aumentar sua produção e reduzir custos. Tudo isso para acompanhar as necessidades de um consumidor mais conectado e exigente: o cliente 4.0.
Agora, a indústria 5.0 dá um passo adiante, tendo como foco a colaboração humano-máquina. Ou seja, o objetivo é unir o potencial criativo humano com a alta tecnologia para aprimorar ainda mais as soluções. Veja o que Regis Ataídes, VP de Automação industrial e head de Digitalização da Schneider Electric, disse para o Consumidor Moderno.
“As empresas que adotam os conceitos da Indústria 5.0 não apenas otimizam seus processos e reduzem custos, mas também abrem portas para inovação, personalização de produtos e a capacidade de atender às crescentes expectativas dos clientes em um mundo cada vez mais digital”.
Quais são as outras indústrias?
Entender os fenômenos da Revolução Industrial ajuda a compreender a evolução e prever os rumos do futuro. Por isso, antes de detalhar a indústria 5.0, vale a pena passar pelas fases anteriores.
Indústria 1.0
A Primeira Revolução Industrial começou por volta de 1760 e incluía as primeiras fábricas industriais, geralmente têxteis. Na época não havia direitos dos trabalhadores, as jornadas eram longas e o trabalho infantil era comum. O foco era a produção em larga escala.
Indústria 2.0
Iniciando por volta de 1870, contou com novidades tecnológicas para a época, como uso de:
- combustíveis fósseis;
- motores elétricos;
- energia;
- aço em vez de ferro.
Nessa época, houve mudanças impactantes com:
- os sindicatos dos operários ganhando força;
- a expansão das comunicações;
- a migração rural para as cidades
- a internacionalização de empresas.
O Fordismo foi criado nessa época.
Indústria 3.0
Por volta da década de 1950, iniciou-se uma fase de grandes avanços tecnológicos, que se intensificaram na década de 1970.
Conhecida como revolução digital, foram as décadas em que a informática, a robótica, a eletrônica e as telecomunicações avançaram. Nesse momento, a legislação trabalhista se tornou melhor, a internet começou a aparecer e iniciou-se o Toyotismo.
Já nos anos 1990 e 2000, a expansão foi ainda mais acelerada, com produtos tecnológicos entrando mais no mercado. Nesse momento, o consumidor já está nas redes sociais e passa a escolher com mais exigência o que compra, em comparação a fases anteriores.
Indústria 4.0
Por fim, a Indústria 4.0 gerou o ápice da digitalização e automação com soluções inteligentes que surgiram com base em conceitos de dados, computação em nuvem, internet das coisas e aprendizado de máquina.
Quando surgiu a indústria 5.0?
É difícil falar em uma data que instaure a indústria 5.0, pois ela é bastante recente e surge a partir da conexão entre indústria 5.0 e transformação digital.
Tanto que algumas empresas ainda nem se encontram nesse nível. Já outras, como as big techs, não só entraram na 5.0, mas dão forma a ela. É o caso de pioneiras em tecnologia, como a Tesla e a Apple.
De forma geral, marcos tecnológicos, como a implementação do 5G em 2019, já situaram a nova fase. Isso porque, nesse caso, houve uma revolução na maneira como os dispositivos se conectam, que representou um grande avanço na área.
Quais são as principais características da indústria 5.0?
A nova fase valoriza a economia criativa, considerando o trabalho humano junto à tecnologia, como o uso da inteligência artificial, para otimizar soluções. Assim, o que caracteriza a indústria 5.0 pode se resumir em:
- hiper-customização no processo produtivo;
- valorização do trabalho homem-máquina;
- foco em soluções sustentáveis;
- uso de robôs avançados e colaborativos;
- investimento em biotecnologia e nanotecnologia;
- alto avanço em tecnologias e sua integração;
- flexibilidade da indústria.
Quais são as tecnologias da indústria 5.0?
Ao questionar qual a diferença entre indústria 4.0 e 5.0, não existem muitos pontos diversificados. Isso porque a 5.0 é como um complemento da fase anterior.
Por exemplo, a logística 4.0 tem sido aplicada para controle de estoques, com sistemas de dados inteligentes, que auxiliam a gestão e podem se conectar a soluções.
Dessa forma, um e-commerce de roupas pode vender em uma plataforma que calcula o custo do frete para o cliente, recebe o pagamento e promove a entrega, enviando os dados para a central. Isso é o que permite, por exemplo, entregas de farmácia ou de marketplaces em apenas algumas horas.
Na indústria 5.0, o processo é ainda mais otimizado. Um exemplo é o uso recente de drones para entregas. Misturando robótica avançada, sistema de comunicação avançado e inteligência para definir e acompanhar trajetos, esses dispositivos atendem rotas, levando e buscando encomendas por uma região.
O iFood, por exemplo, utiliza a tecnologia para atender regiões antes não acessíveis, otimizando as rotas, inclusive, entre cidades.
Assim, a indústria 5.0 também foca em ferramentas relacionadas a:
- manufatura aditiva com impressões 3D;
- realidade aumentada e virtual, que permite ideias como consumir no metaverso;
- inteligência artificial e aprendizado de máquina;
- edge computing.
Quais os benefícios da indústria 5.0 para os empreendedores?
Para empreendedores muito do que a indústria 4.0 oferece já é rotina. Por exemplo, um estudo da RD Station com mais de 1.600 profissionais, detectou que 74% dos varejistas usam WhatsApp para comunicação e vendas. Já no setor imobiliário, essa taxa é de 70%.
Dessa forma, a indústria 5.0 só tende a aumentar os benefícios. No caso do WhatsApp, por exemplo, já existem ferramentas de inteligência artificial que otimizam o atendimento ao consumidor.
Assim, é possível oferecer atendimento 24/7 e otimizar a venda, dando mais independência ao consumidor, sem ocupar o tempo do atendente.
Além disso, o uso de dados, e de plataformas cada vez mais integradas, permitem uma gestão mais focada e melhor tomada de decisões.
A indústria 5.0 surge pouco tempo depois da fase 4.0. Porém, ela não é uma substituta total, mas um complemento. Afinal, seu foco é potencializar a tecnologia, trazendo relevância para o elemento humano. Com isso, é possível obter soluções criativas e automatizadas, capazes de melhorar um serviço e personalizá-lo ainda mais. Para isso, suas ferramentas também evoluem e chegam a diferentes segmentos.
Gostou do post? Descubra as tendências de consumo de 2024 que influenciam no seu negócio!
