Tecnologia e inovação: como o mercado de food delivery na China cresceu quase 40 vezes em 10 anos

Como o delivery na China pode ajudar seu restaurante? Confira os aprendizados de Ricardo Geromel e o que ele tem a contar para você.

Você já pensou na realidade do delivery na China? Talvez você não saiba, mas os grandes empresários brasileiros e até o ex-CEO do iFood, Fabricio Bloisi, visitam esse país com frequência. Por quê? A resposta está na tecnologia.

Eu sou Ricardo Geromel, autor dos livros “O Poder da China” e “BI.LIO.NÁR.IOS”, e já vivi em 5 continentes, inclusive morei na China por alguns anos. Me assusta o quão pouco discutimos sobre o melhor da China e me esforço em compartilhar aprendizados sobre a segunda maior economia do planeta, inclusive no mercado de food service.

Um aprendizado chave é relacionado a velocidade das mudanças. O serviço de delivery de comida cresceu cerca de 40 vezes entre 2011 e 2022 na China, alcançando 811,7 bilhões de RMB, a moeda chinesa (dados são da Statista).

Então, o que a experiência chinesa traz de aprendizados para o Brasil e como isso pode ajudar a melhorar a quantidade de pedidos no seu negócio? 

O que você deveria saber sobre o melhor da China?

O que você deveria saber sobre o melhor da China é que o país utiliza muita tecnologia. Além disso, passou por uma grande conquista econômica: tirou da miséria mais de 850 milhões de pessoas em cerca de 30 anos.

Isso gerou um crescimento da renda per capita (isto é, por pessoa), o que se traduz em poder de compra. Assim, o pessoal começou a pedir mais comida em casa e as operações de delivery na China estão em alta e são incentivadas. A densidade demográfica nas grandes cidades do país de quase 1 bilhão e 500 milhões de pessoas é bem elevada e isso também influenciou no considerável aumento dos pedidos de delivery. Por exemplo, eu morava em Pequim em um condomínio de prédios com mais de 15 mil habitantes.  

Inclusive, turistas que visitam a Grande Muralha podem fazer um pedido de comida e ele é entregue por drone. Esse é apenas um exemplo, mas mostra como os diferentes tipos de inovação são implementados no país.

Qual a diferença do comércio chinês para o brasileiro?

A diferença do comércio chinês para o brasileiro passa, principalmente, pela competitividade. Isso porque o mercado do país asiático tem uma concorrência maior do que o brasileiro. Com isso, o empresário precisa pensar no longo prazo.

Isso afeta a relação de parceria e as negociações realizadas. Muito disso é derivado da própria cultura focada em meritocracia, educação e harmonia, ensinamentos de Confúcio. Então, o objetivo para o negócio ter longevidade é já começar maximizando um contato de longo prazo, seja com clientes, seja com fornecedores.

O aspecto cultural também é visível no que se refere à percepção de sucesso. Eu cobri bilionários para a revista Forbes nos Estados Unidos durante quase 10 anos. Quando comento sobre essa experiência com brasileiros, a pergunta que costumo ouvir é “esses bilionários são felizes?”. Já na China, a pergunta mais comum é: “e eles estudaram onde? E seus filhos, aonde estudam?”. A importância dada ao estudo é desproporcional e eles levam isso para os negócios também. 

Aqui, vale a pena deixar claro que não existe certo ou errado. No entanto, um dos aprendizados que podemos tirar é a necessidade de estudar sempre. Essa é uma forma de melhorar a gestão de restaurante, até mesmo usando as operações de delivery na China como inspiração para replicar e/ou adaptar o que for possível.

O que é possível aprender com o delivery na China?

Você pode aprender a usar a tecnologia e atender às demandas dos consumidores com o delivery na China. Os fatores básicos passam por entender profundamente o desejo do consumidor, montar um cardápio atrativo e ter mão de obra qualificada.

Uma lição-chave é que o foco do empreendedor chinês é sempre o seguinte: como faço para o meu cliente me trazer outros clientes? E você, aí no seu negócio, o que você faz para o seu cliente te trazer mais compradores? 

Nesse sentido, várias pesquisas já apontaram que, no país, o principal fator para compra é o desconto. Então, foi criada uma tecnologia em que se cria um QR code individual que é enviado para o cliente, que compartilha com seus amigos e em diversos grupos de WeChat (espécie de Whatsapp utilizado por lá). Esse recurso oferece determinado valor ou percentual em desconto tanto para o novo cliente como para o cliente original que compartilhou. 

Outro fator relevante são os menus em restaurantes temáticos, algo muito comum na China.  Assim, são criados pratos específicos para quem gosta de animes, de futebol etc.

Isso é conectado com um cardápio com imagens de boa qualidade. Afinal, a foto de comida precisa chamar a atenção e deixar o prato parecendo gostoso. Esse é um cuidado grande que os chineses têm, inclusive aplicando a técnica food porn. Além disso, muitos restaurantes oferecem conteúdo em vídeo. Isso permite a visualização melhor do alimento.

Por fim, existe a questão da mão de obra, trabalhada de maneira diferente nos dois países. No Brasil, resolve-se com a chamada de outro funcionário, enquanto na China se utilizam robôs.

De toda forma, a logística no delivery pode ser melhorada de outras maneiras. Por exemplo, treinamento e capacitação frequentes e ter um plano B sempre que algum funcionário faltar.

Assim, saiba que a economia, o comportamento dos clientes e as operações de delivery na China são bastante diferentes daquilo que vimos no Brasil. Justamente por isso, esse país pode ser um canal importante de aprendizado e inspiração.

Ainda que a realidade seja muito diversa da brasileira, há a possibilidade de adaptar as boas práticas. Além disso, é fundamental estar sempre de olho na inovação e nas tendências de outros países para sair na frente. Essa pode ser a virada de chave para o seu negócio.

Agora, você já entendeu por que o delivery na China pode ser usado como inspiração. Esses e outros conhecimentos e experiências que vivi no país asiático foram contadas na minha palestra no iFood Move, nos dias 25 e 26 de setembro de 2024.

Quer saber mais e conferir outros conteúdos interessantes que foram promovidas no iFood Move? Acesse a página do evento e saiba mais.

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Por Ricardo Geromel

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