A contabilidade faz parte de todo empreendimento, uma vez que todas as empresas brasileiras devem cumprir obrigações fiscais. Além disso, alguns documentos ajudam os gestores a entender a situação atual do negócio ou reunir dados relevantes para que o negócio finalmente saia do papel. É o caso, por exemplo, do balanço de abertura.
O balanço de abertura identifica as obrigações financeiras da empresa, tanto de curto quanto de longo prazo. Este post conta com a participação do contador Afonso Melotti. Com um MBA em Gestão Empresarial, o profissional vai mostrar como esse documento ajuda os empreendimentos a elaborar seu planejamento financeiro de maneira sólida.
Continue a leitura para entender o que é balanço de abertura e como fazê-lo!
O que é balanço de abertura?
Conforme a própria definição do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), contida no manual de procedimentos contábeis para micro e pequenas empresas, a definição de balanço de abertura é a seguinte:
“O Balanço de Abertura consiste na realização de um inventário físico e documental que permita identificar os bens, os direitos e as obrigações da empresa em determinado momento.
Conhecidos os bens, os direitos e as obrigações e estabelecidos os respectivos valores, deverá o Contabilista estruturar o Balanço de Abertura, que será sintetizado com base no ordenamento feito previamente num “elenco de contas” ao qual fazemos referência adiante.
No Ativo, serão devidamente agrupados os bens e os direitos. No Passivo, figurarão as obrigações.”
De acordo com Afonso, o balanço de abertura estabelece a base inicial a partir da qual todas as transações futuras da empresa serão registradas e analisadas. “É um documento contábil crucial para o planejamento e manutenção das necessidades financeiras de um empreendimento“, enfatiza.
O balanço de abertura é geralmente apresentado no início das operações ou em uma nova fase da trajetória de um empreendimento — como naquelas situações em que ocorre uma reestruturação ou fusão.
Afonso reforça que essa peça contábil fornece uma visão clara dos ativos, passivos e do patrimônio líquido da empresa. “Ao detalhar os recursos que a empresa possui (ativos) e as obrigações que deve cumprir (passivos), o balanço de abertura permite que os gestores entendam a posição financeira inicial da empresa”, explica o contador.
Esse conhecimento dos diversos elementos financeiros da empresa é essencial para tomar decisões precisas, como:
- alocação de recursos de forma eficiente;
- planejamento de investimentos;
- identificação de áreas que necessitam de melhorias.
Além disso, o balanço de abertura serve como um ponto de referência para futuras comparações. Ao definir um marco inicial, a empresa pode acompanhar seu crescimento e evolução financeira ao longo do tempo. “Isso facilita a análise de desempenho e a identificação de tendências, ajudando a empresa a ajustar suas estratégias conforme necessário para manter ou melhorar sua saúde financeira”, explica Afonso.
O balanço de abertura também é utilizado para garantir a transparência e a conformidade legal. O documento oferece uma base contábil precisa e confiável, necessária para a elaboração de relatórios financeiros subsequentes e para o cumprimento de obrigações fiscais e regulatórias.
Por fim, para investidores, credores e outros stakeholders (todas as pessoas afetadas pelas decisões da empresa), o balanço de abertura oferece uma visão inicial da solidez financeira da empresa.
Nesse sentido, um balanço de abertura bem elaborado pode aumentar a confiança desses stakeholders na capacidade da empresa de crescer e gerar retornos, facilitando a captação de recursos e o estabelecimento de parcerias estratégicas.
Qual a diferença do balanço inicial para o patrimonial?
Os dois documentos servem para analisar o contexto contábil e financeiro de uma empresa, mas há diferenças entre eles:
- balanço de abertura: por si só, não é obrigatório. Sua finalidade é oferecer informações financeiros úteis para os colaboradores e os gestores da empresa. Também serve para que os profissionais levantem dados para elaborar a escrituração contábil — essa, sim, uma obrigação;
- balanço patrimonial: obrigatório. É considerado uma demonstração fiscal contábil e deve ser apresentado a cada exercício fiscal. De modo geral, esse período é de janeiro até dezembro.
Enquanto o balanço de abertura se concentra no levantamento de registros fiscais, financeiros e contábeis da empresa até um determinado período, o patrimonial foca o último ano, apenas.
Como fazer um balanço de abertura?
Como você viu na definição do CFC, os principais elementos de um balanço de abertura são os ativos e passivos. Afonso ajuda a destrinchar os dois conceitos.
Ativos
“Nos ativos, temos a contabilização de todos os bens e direitos que a empresa possui. Nesse caso, esse grupo é dividido em dois, os ativos circulantes e os não-circulantes”, sinaliza o contador.
No primeiro, caso, entram os bens e direitos que a empresa espera converter em dinheiro no curto prazo, geralmente em um ano. Isso inclui o dinheiro no caixa, contas a receber, estoques e outros ativos que podem ser rapidamente liquidados. “Incluir esses itens é importante pois eles refletem a liquidez da empresa e sua capacidade de atender às obrigações financeiras imediatas”, explica Afonso.
Já nos ativos não-circulantes, nós temos a inclusão de bens e direitos que a empresa planeja manter por um longo período. O contador aponta alguns exemplos: imóveis, equipamentos e investimentos de longo prazo. Esses elementos são utilizados para avaliar a estrutura patrimonial da empresa e seu potencial de crescimento.
Passivos
No caso dos passivos, entram os compromissos financeiros que a empresa possui no curto e longo prazo, além do patrimônio líquido. “Assim como os ativos, esse grupo também é dividido em dois. O passivo circulante e o não-circulante“, indica Afonso.
No primeiro caso, o contador explica que entram as obrigações que a empresa precisa pagar no curto prazo. Alguns exemplos: contas a pagar, salários, impostos e outras dívidas de curto prazo. Com base nas análises desses passivos, os usuários do balanço de abertura podem identificar as responsabilidades financeiras imediatas da empresa.
Já os passivos não-circulantes são as dívidas e obrigações que a empresa espera liquidar em um período mais longo, como financiamentos e empréstimos de longo prazo. “A inclusão desses passivos ajuda a avaliar a sustentabilidade financeira do empreendimento a longo prazo”, aponta Afonso.
Dentro do passivo, ainda deve ser incluído o patrimônio líquido. Ele é composto, inicialmente, pelo capital social, que indica a base financeira inicial da empresa.
“Além disso, os passivos também abrangem as reservas de lucros e resultados acumulados, sejam eles lucro ou prejuízo”, reforça o contador. Um exemplo visual do balanço de abertura pode ser conferido aqui. A parte de “Bancos” diz respeito aos saldos do empreendimento em uma instituição financeira.
Como deve ser registrado o balanço de abertura de empresa?
Uma empresa no início das suas atividades, um negócio inativo há mais de 5 anos que está voltando ao mercado ou um empreendimento que precisa reiniciar sua escrituração contábil registra o balanço de abertura na Junta Comercial ou órgão equivalente da sua região. Por isso, o processo varia de acordo com cada estado.
De modo geral, esse processo é feito digitalmente. No site da Junta Comercial de Minas Gerais, por exemplo, basta ir em “Serviços”, “Registrar Balanço” e seguir os passos. Já a JUCESP, de São Paulo, centraliza os serviços contábeis por meio da iniciativa Balcão Único.
É obrigatório fazer o balanço de abertura?
Esse instrumento é realizado pontualmente e não é obrigatório, ao contrário do que ocorre com o patrimonial. De qualquer forma, como explica Afonso, o documento é muito importante para orientar ações estratégicas.
Isso porque o balanço de abertura pode influenciar a tomada de decisão por diversos motivos. Inicialmente, ele oferece uma visão clara dos recursos disponíveis e das obrigações da empresa. “Com essa informação, os gestores podem desenvolver um plano financeiro realista, alocando recursos de maneira eficiente e estabelecendo orçamentos que reflitam a capacidade financeira da empresa”, explica o contador.
Além disso, o documento também pode auxiliar a análise de viabilidade de projetos na empresa. Antes de iniciar novos projetos ou investimentos, a empresa pode usar o balanço de abertura para avaliar sua capacidade financeira.
Já a análise dos ativos disponíveis e do capital próprio (patrimônio líquido) permite que a empresa determine se possui os recursos necessários para financiar novos empreendimentos ou se precisará buscar financiamento externo.
Agora que você entendeu o que é um balanço de abertura, já poderá elaborar esse documento com mais cuidado — listando os passivos e ativos com eficiência. Gestores utilizam esse documento para avaliar a saúde financeira inicial da empresa e seu potencial de crescimento, por exemplo.
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