Culinária africana: 9 pratos típicos que estão na nossa mesa

A culinária africana faz parte da herança cultural do povo negro no Brasil. Afinal, estamos falando de um país em que a maioria da população é negra — 55,8% dos habitantes se declaram pretos ou pardos. Não é à toa que muitos pratos típicos dessa cultura foram adaptados por aqui, resultando em uma gastronomia rica, saborosa e variada.

Se você pensa em se inspirar na culinária africana para o seu cardápio, apostar em itens que misturam ancestralidade com autenticidade é a opção para agradar à clientela. Pela influência marcante dos ingredientes e pratos do continente no Brasil, já há uma série de pratos tradicionais que você pode explorar — e agregar às suas próprias criações.

Conheça as características da culinária africana e 9 pratos típicos apreciados no Brasil!

Quais são alguns fatos marcantes da história da culinária africana?

Se algumas evidências históricas apontam que a África é o berço da humanidade, não é exagero dizer que a culinária do continente também é uma das mais influentes e antigas do planeta.

Conheça algumas curiosidades relacionadas à gastronomia africana:

• a criação de animais e o cultivo de algumas plantas vêm desde o ano 6.000 a.C. O motivo? Mudanças climáticas geraram o crescimento do deserto do Saara, o que dificultou a caça e a coleta de alimentos;
• no território correspondente ao atual Egito, trigo, lentilhas e grão de bico já eram algumas culturas cultivadas nesse período;
• as cervejas também têm uma tradição africana antiga. Desde pelo menos 5.000 a.C., cervejas elaboradas a partir de cevada já estavam sendo criadas no Egito;
• a criação de gado, carneiros e porcos (estes últimos, trazidos da China e da Índia) também já era comum na África, no período antes de Cristo;
• em 1.500 a.C., as galinhas foram introduzidas no território africano. Com isso, as pessoas mais ricas reduziram o consumo de carne de porco, que se tornou um tabu entre eles;
• alguns alimentos que já faziam parte da dieta dos africanos antes mesmo da popularização da criação de animais e cultivo de plantas: figos, mel, amendoins, óleo de palma (também conhecido como azeite de dendê) e peixes.

Quais são as características da culinária africana?

Uma das principais características da culinária da África é a diversidade de alimentos e modos de preparo, que variam de um país para outro. Carne vermelha, grãos, tubérculos, leite e leguminosas fazem parte da tradição e da história da culinária africana.

Com a forte dominação europeia no continente africano, a sua gastronomia passou a incorporar temperos de outras regiões do mundo, como pimenta, alecrim, cravo, louro e canela. No Brasil, alimentos como café, amendoim, inhame, gengibre, coco e banana são alguns dos itens trazidos da África por mercadores de escravos.

Qual é a influência da culinária africana na comida brasileira?

Sob condições terríveis, os negros escravizados precisaram criar novas versões dos seus pratos típicos, por meio do uso ingredientes encontrados por aqui e trazidos de outras localidades. Assim, a influência africana na nossa gastronomia é formada pela reinvenção de vários itens, dando origem à culinária afro-brasileira.

Ela é um testemunho e um fruto da mescla entre criatividade e adaptabilidade de um povo que, apesar de todas as dificuldades que vivenciou, conseguiu preservar e transformar suas tradições — agregando seus ingredientes e modos de preparo à realidade nacional.

Pelo convívio dos negros com os outros povos no Brasil, a culinária afro-brasileira se tornou uma mistura bem-sucedida de influências indígenas, portuguesas e africanas, o que resultou em pratos bem diferentes, mas que refletem a diversidade gastronômica do país.

A utilização de ingredientes como quiabo, inhame, azeite de dendê, feijão-fradinho e o milho, assim como técnicas de refogar a comida e o uso de temperos marcantes, são algumas das evidências das influências africanas no panorama geral da comida brasileira.

Um outro fator que ajudou a difundir a comida de origem negra por aqui foi a principal religião africana, o candomblé, que tem uma relação especial com a alimentação. 

Os devotos oferecem aos santos pratos de origem africana. Como as comunidades negras se espalharam por todo o país, a culinária que veio da África também se disseminou rapidamente. 

Quais são os pratos afro-brasileiros?

Tanto as comidas de origem africana quanto as que foram adaptadas no Brasil fazem sucesso por todo o país. Veja quais são as opções que ficam em destaque no paladar dos brasileiros!

1. Acarajé

Uma das comidas africanas mais populares no Brasil, e também famosa na culinária baiana, o acarajé é feito com feijão-fradinho, camarão, vatapá, caruru, azeite de dendê e molho de pimenta. A técnica de preparo do acarajé é, inclusive, reconhecida como patrimônio cultural imaterial.

2. Feijoada

Outro prato famoso e muito querido nas mesas brasileiras, a feijoada é consumida do Norte ao Sul. Sua origem veio das senzalas, onde as pessoas escravizadas misturavam ao feijão-preto pedaços de porco jogados fora pelos senhores. Além de orelhas, rabo e pés do porco, incluíam farofa e laranja, dando origem ao prato típico.

3. Cuscuz

Feita à base de milho, essa é uma iguaria do noroeste africano. Em geral, o cuscuz é servido com ovo, queijo ou manteiga. Também há a versão doce, feita com leite de coco e açúcar

Um detalhe é que uma das primeiras versões abrasileiradas do cuscuz substituiu o trigo pela farinha de milho, mais comum por aqui. Com o tempo, surgiram as modalidades nordestina e paulista, esta última acrescentando ingredientes como peixe, tomate, cebola, pimentão e azeitonas.

4. Pamonha

“Olha o carro da pamonha!” é uma das frases que mais se escutam em bairros residenciais no Brasil. A história da origem pode até não ser muito conhecida por aqui, mas há uma influência africana clara nessa iguaria amada em terra brasileira. Basicamente, ela é uma variação de um bolinho conhecido como acaçá.

Seu principal ingrediente é o milho, cujo conteúdo é misturado ao leite e enrolado na própria palha. Há tanto uma versão salgada como uma modalidade doce, com ou sem queijo.

5. Mungunzá

Essa é uma iguaria afro-brasileira que algumas regiões até reconhecem como item indispensável das festas juninas. Também chamado de canjica, o mungunzá é feito usando grão de milho branco cozido em caldo de leite com açúcar. No Brasil, ganhou outros ingredientes, como canela, cravo da índia e leite de coco.

6. Vatapá

O vatapá é um creme feito com pão amanhecido molhado e farinha de mandioca ou de trigo. Ele costuma ser servido como acompanhamento para peixes e frutos-do-mar. Seu preparo leva bastante tempero, como pimenta, cravo, cebola, coentro, azeite de dendê e outros tipos de condimentos.

7. Moqueca

A moqueca baiana é outra confirmação da rica herança africana, entrelaçada a clientes brasileiros antigos. Não à toa, Salvador concentra a maior comunidade de negros e negras fora do continente africano.

A utilização do dendê, outro dos símbolos da culinária afro-brasileira, e do leite de coco (uma influência indígena), criam uma mescla que deu muito certo no país.

Vale lembrar que há outra moqueca famosa no Brasil: a capixaba. A diferença é que ela não leva leite de coco, azeite e dendê, por exemplo: na versão do Espírito Santo, há peixe, limão, tomate, azeite, coentro, cebola e tintura de urucum.

8. Caruru

Caso você já tenha experimentado o primeiro prato da nossa lista, provavelmente já teve a felicidade de experimentar o caruru, também.

Esse refogado (outra técnica de origem africana) de quiabo (outro ingrediente de origem africana) leva itens marcantes como camarão seco, amendoim e o onipresente dendê, também.

9. Bobó de camarão

Mais um dos pratos mais conhecidos da Bahia, o bobó também tem uma origem africana — o que não é exatamente uma surpresa no estado nordestino, como você já viu até aqui.

O bobó de camarão é derivado do ipeté, um prato feito com azeite de dendê, inhame, camarão, cebola e gengibre. A religião também é outro fator que popularizou esse prato: o ipeté é parte da comida típica de ritual do candomblé, geralmente dedicada ao orixá Oxum.

Como oferecer pratos da culinária africana?

O estudo Food&Tech Trends da GALUNION identificou um dos principais desafios encarados por empreendedores do mercado de alimentação atual: atrair clientes e manter/crescer nas vendas. O estudo também mostrou que 62% das empresas fizeram alterações no cardápio por problemas de abastecimento ou inflação de custos nestes últimos 3 meses.

Além disso, repare nessa informação:

“95% das pessoas querem encontrar novidades em alimentos e bebidas nos bares e restaurantes!” 

Por isso, na hora de definir o que vender no delivery, vale a pena variar e trazer opções diferentes, como os itens da culinária africana, vale pensar em um cardápio que vai além da boa comida. Essa é uma das gastronomias que merece ganhar o espaço e atender à essa demanda por variedade.

Os ingredientes e a apresentação devem refletir os valores da cultura afro, como ancestralidade, comunhão, costumes e saberes. É possível apresentar essas iguarias, por exemplo, bem coloridas e cheias de personalidade e tradição.

Entender as características marcantes da culinária africana e buscar se capacitar é indispensável para o sucesso do seu cardápio temático. Ao se inspirar na herança gastronômica da cultura negra, procure criar sempre uma experiência enriquecedora ao cliente, que promova essa conexão com a nossa identidade — afinal, a gastronomia brasileira é isso, uma mistura incrível de vários sabores e memórias culturais.

O próximo passo é garantir que seus clientes tenham o melhor atendimento e experiência. Fique por dentro das tendências em delivery: baixe o e-book gratuito do iFood em parceria com a GALUNION.