O ato de empreender nem sempre começa de forma bem planejada — até porque parte das empresas surge da necessidade de quem não encontra recolocação no mercado de trabalho. Ainda assim, seguir sem estruturação representa um risco alto. Uma ferramenta que ajuda a evitar isso é o modelo de negócio.
Tal instrumento serve para guiar a gestão empresarial, garantindo sua continuidade sem engessar a capacidade do empreendedor de fazer ajustes para responder às mudanças e se manter competitivo a longo prazo.
Para que você também utilize essa solução, siga a leitura e confira como fazer isso na prática!
O que é um modelo de negócio?
Modelo de negócio é uma ferramenta que documenta, de forma geral, o planejamento empresarial, estruturando uma visão estratégica para uma gestão 360º dos aspectos principais sobre o funcionamento do empreendimento, seus objetivos, meios e atividades.
Isso inclui a definição de público-alvo, proposta de valor e canais de comunicação, vendas e distribuição. Também diz respeito ao planejamento das ações de marketing e relacionamento, das operações, dos custos e das fontes de receita, além de recursos e parcerias.
Por meio do modelo de negócio, um estabelecimento do setor alimentar pode estabelecer, por exemplo:
- que tipo de alimentos e bebidas vai servir;
- se vai operar só no delivery, atender no salão ou combinar os dois formatos;
- se a cobrança será por item, a quilo, livre etc.;
- quais são os investimentos necessários para que a empresa funcione;
- se as vendas acontecem via aplicativos de entregas, e-commerce próprio, redes sociais ou marketplaces, entre outros canais;
- como será a contratação dos entregadores, em caso de delivery.
Modelo de negócio x plano de negócios
Comumente confundidos, modelo e plano de negócios são conceitos que estão relacionados, mas não são a mesma coisa.
Enquanto o segundo é uma representação visual da ideia geral da empresa, o primeiro é mais aprofundado, detalhando cada parte da operação. Então, o objetivo do modelo de negócio é menos estratégico, mas serve de guia para as atividades cotidianas.
Como fazer um modelo de negócio?
Criar um modelo de negócio é um exercício estratégico que ajuda o empreendedor a organizar sua ideia, entender o mercado e visualizar como a empresa vai gerar receita.
Consiste basicamente em estruturar uma lógica coerente que guie cada decisão.
Crie um resumo executivo
O resumo executivo é o cartão de visitas do modelo. Ele deve ser curto e direto, destacando qual problema a empresa resolve, quem é o público e como ela se diferencia.
Pense nele como uma introdução instigante: precisa ser claro para investidores, parceiros e até clientes entenderem a essência da proposta.
Faça uma descrição da empresa
Aqui entra a identidade do negócio. Nome, missão, visão, valores e histórico, quando houver.
É o espaço para contextualizar a origem da ideia, contar o que motivou a criação da empresa e reforçar o propósito que está por trás da operação. Uma boa descrição transmite credibilidade e inspira confiança.
Analise o mercado e o comportamento do consumidor
Sem mercado, não existe negócio. É essencial mapear concorrentes, tendências e oportunidades. Além disso, estudar o comportamento do consumidor ajuda a entender o que move as escolhas do público.
Questões como hábitos de consumo, critérios de decisão e preferências digitais devem entrar nessa análise. Quanto mais dados, mais segura será a estratégia.
Em uma farmácia, por exemplo, entender o consumidor significa ir além do preço dos medicamentos. É entender que muitos clientes procuram conveniência, fácil acesso e atendimento consultivo.
Entender que há quem valorize promoções recorrentes em produtos de higiene e beleza, enquanto outros priorizam a confiança no farmacêutico para orientar sobre o uso correto de remédios.
Apresente uma proposta de valor
A proposta de valor é o coração do modelo de negócio. Responda à pergunta: por que alguém escolheria sua empresa em vez da concorrência?
Pode estar ligada a preço justo, qualidade superior, inovação, experiência diferenciada ou conveniência. Esse elemento deve ser claro, objetivo e fácil de comunicar.
Descreva as estratégias de marketing
O marketing mostra ao mercado o que a empresa oferece. Defina canais de aquisição de clientes, ações de branding, estratégias digitais, programas de fidelização e posicionamento de marca.
O importante é que essas estratégias conversem com o perfil do público-alvo identificado na análise de mercado.
Determine como serão as operações das áreas
O modelo precisa mostrar como a empresa funcionará na prática. Estruture processos de produção, logística, vendas, atendimento e finanças.
Detalhar a operação dá previsibilidade e ajuda a evitar gargalos. Além disso, demonstra que a ideia não é apenas conceitual, mas possui caminhos concretos de execução.
Pense em um restaurante. A operação de produção envolve padronizar receitas e controlar insumos para evitar desperdícios. Já a logística exige fornecedores confiáveis e prazos de entrega que não comprometam o frescor dos alimentos.
No atendimento, é essencial treinar a equipe para oferecer uma experiência ágil e cordial, enquanto o setor financeiro acompanha o fluxo de caixa diário, sempre sujeito a variações conforme dias e horários de maior movimento.
Inove em seu setor
Mesmo negócios tradicionais podem ganhar força ao trazer inovação.
Isso pode acontecer por meio da digitalização de processos, da criação de novos produtos ou da experiência diferenciada do usuário. Inovar não significa reinventar tudo, mas enxergar ângulos novos para se destacar no mercado.
Quais os principais tipos de modelo de negócio?
Vejamos os principais tipos.
B2C
O modelo Business to Consumer conecta diretamente a empresa ao consumidor final. É comum em varejo, e-commerce e serviços digitais. A chave está em compreender desejos e dores do cliente.
B2B
No Business to Business, a relação ocorre entre empresas. Normalmente envolve tickets médios mais altos e ciclos de negociação mais longos. É um modelo que exige confiança e forte relacionamento.
Franquia
A franquia é um formato que expande negócios já testados. O franqueador fornece marca, know-how e suporte, enquanto o franqueado investe e opera. É interessante para quem busca escalar sem assumir todos os riscos operacionais.
Freemium
Comum em aplicativos e serviços digitais, esse modelo oferece uma versão gratuita limitada e cobra pelo acesso a funcionalidades avançadas. Atrai clientes pela facilidade de teste, mas exige boa conversão para a versão paga.
Assinatura
Garante receita recorrente, seja em streaming, clubes de assinatura ou softwares. O desafio é manter o cliente satisfeito para reduzir cancelamentos.
SaaS
Software as a Service é uma variação da assinatura, voltada para soluções tecnológicas. Empresas acessam sistemas online sem precisar instalar ou manter infraestrutura. Escalabilidade e previsibilidade de receita são pontos fortes.
Isca e anzol
Consiste em vender um produto básico por um preço acessível e lucrar nos complementos. Um exemplo clássico é a impressora barata com cartuchos caros. É eficaz, mas exige atenção ao equilíbrio entre custo inicial e margens.
Como escolher o tipo de negócio ideal para sua empresa?
A escolha depende de fatores como público-alvo, mercado, recursos disponíveis e objetivos de crescimento.
Um restaurante, por exemplo, pode optar por B2C com foco em experiência física ou migrar para assinaturas de marmitas semanais. Já uma startup de tecnologia pode combinar SaaS com freemium.
O essencial é alinhar o modelo à proposta de valor e testar sua viabilidade antes de escalar.
Para continuar aprofundando seus conhecimentos, entenda o conceito de posicionamento de marca!
Perguntas Frequentes
A descrição deve ser clara e objetiva. Inclua quem é o público, qual problema será resolvido e como a empresa gera receita. Assim, qualquer pessoa consegue entender o funcionamento básico do negócio.
Você deve rever o modelo de negócio ao notar quedas constantes em receitas, vendas ou lucros. Esses sinais mostram que algo no mercado mudou ou que sua proposta perdeu força, o que demanda adaptação.
Um modelo bem estruturado e atualizado permite à empresa se destacar no mercado. Isso ocorre porque define a proposta de valor, controla custos e amplia canais, tudo de forma a ampliar receita e relevância.
Ajustes devem se basear em dados concretos — como perfil de clientes ou performance de vendas — além de estudar concorrentes. Teste mudanças em pequena escala antes de implantá-las completamente.
Comece identificando o que mudou — competição, comportamento do cliente, falta de insumos ou custos altos. Depois, defina objetivos claros, envolva a equipe e alinhe as mudanças às necessidades do público.