Toda empresa lida constantemente com custos que influenciam no sucesso do negócio. Entre eles, você vai encontrar despesas fixas, mas também variáveis, de diferentes tipos. Por isso, antes mesmo de empreender, é preciso defini-las.
Afinal, caso elas não estejam claras, o planejamento financeiro será comprometido ou alterado. Com isso, cálculos e distribuição de recursos correm o risco de serem feitos de maneira incorreta, o que prejudica uma boa gestão desde o começo das atividades.
Afonso Nali Melotti, contador, MBA em Gestão Empresarial e bacharel em Direito, vai explicar melhor sobre cada despesa. Boa leitura!
O que são despesas fixas?
Para começar, você deve entender o que são despesas fixas de uma empresa, já que elas costumam ser as principais, ocupando um bom pedaço dos gastos mensais do negócio. Afonso traz uma definição interessante:
“Despesas fixas são aquelas que permanecem constantes independentemente do nível de atividade ou volume de vendas da empresa. Exemplos típicos incluem aluguel, salários de funcionários permanentes e seguros”.
Assim, elas não variam conforme as vendas. Porém, podem sofrer alterações, dependendo do cenário macro e microeconômico. Por exemplo, o aluguel de uma loja ou quiosque pode subir anualmente, conforme o índice estipulado no contrato.
O que são despesas variáveis?
Além de saber o que são despesas fixas, também é preciso conhecer as despesas variáveis. De acordo com Afonso, elas “(…) mudam de acordo com o nível de produção ou vendas da empresa.” Dessa forma, segundo ele, alguns exemplos incluiriam custos com matéria-prima e comissões de vendas.
Em um exemplo prático, quem tem um e-commerce de roupas ou um restaurante de delivery passa por situações semelhantes com despesas variáveis de entrega de produtos.
No primeiro caso, se a pessoa vende para todo o país, precisa lidar com aspectos de logística e frete, que variam conforme a região de destino. Isso importa muito principalmente quando você oferece frete grátis.
Já um restaurante que faz entregas tem esse custo impactado por uma distância menor, mas igualmente importante. Por exemplo, ao entregar em seu bairro, a despesa será “x”. Já para outras regiões, o custo mudará, sendo necessário um planejamento mais específico e um bom conhecimento da cidade.
Quais são as diferenças entre despesas fixas e despesas variáveis?
As despesas fixas e variáveis são diferentes entre si. Basicamente, o principal aspecto é sua “flutuação” e acompanhamento.
Assim, as despesas fixas têm um valor que pouco muda e não precisam ser acompanhadas com frequência. Já as variáveis são influenciadas por custos de produtos e podem mudar rapidamente, o que exige um seguimento constante.
Por exemplo, em uma loja de shopping, produtos em promoção ou com custo baixo podem gerar mais vendas. Isso é bom, pois reflete positivamente no lucro, mas também significa que os vendedores receberão mais por comissões naquele mês. Assim, ao mesmo tempo em que o lucro aumenta, essa despesa variável também sobe e deve ser atendida.
Qual é a importância de classificar corretamente as despesas?
A classificação de despesas fixas e variáveis não é somente útil para saber quais contas mensais o seu negócio vai ter. Ela influencia em muitos outros aspectos, inclusive, na saúde da empresa. Veja o que o Sebrae fala sobre o assunto.
(…) o tema é tão relevante que o próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que, entre as empresas brasileiras, 48% fecham em até três anos, e, na maior parte das vezes, a razão por trás disso é um mau gerenciamento financeiro.
Por exemplo, quando você define a precificação de produtos, ela passa pelo cálculo das despesas. Afinal, é retirando os custos que é possível obter a margem de lucro esperado. Nesse caso, é essencial saber o que é fixo ou variável para que seja possível medir se o objetivo está sendo alcançado ou se o negócio está dando prejuízo.
Já na organização financeira do dia a dia, as despesas influenciam na gestão. Aqui, para que não perder o controle, é preciso aplicar diferentes ferramentas, como o método 50-30-20. Ele consiste em dividir os valores de caixa nessa proporção, seguindo a ordem de despesas fixas, variáveis e poupança.
Como explica Afonso Nali, o bom controle das despesas influenciará no planejamento a longo prazo.
“Classificar e analisar corretamente essas despesas permite uma melhor adaptação às mudanças no mercado e otimização dos recursos disponíveis. Ao fazer isso de forma correta, é possível planejar melhor seu orçamento, fazer ajustes estratégicos quando necessário e manter uma saúde financeira mais robusta”.
Outro exemplo prático, nesse caso, é quando a empresa quer expandir. Ao entender suas despesas e ter uma boa reserva, é preciso investir no crescimento sem comprometer o negócio que já funciona.
Como reduzir as despesas com a ajuda dessa classificação?
Tanto despesas fixas quanto variáveis precisam ser reduzidas. Para isso, é possível aplicar diversas estratégias. Confira as dicas do Afonso para não cometer nenhum deslize:
- negocie com fornecedores para reduzir custos de serviço e matéria-prima;
- procure parcerias que ofereçam descontos e ajudem na economia;
- otimize a operação do negócio, ajustando processos e reduzindo desperdícios;
- use métodos como o Just-in-Time (JIT) para minimizar estoques;
- conte com a tecnologia para automatizar tarefas repetitivas, prever demandas e ajustar pedidos com eficiência;
- utilize ferramentas de gestão e análise para acompanhar despesas variáveis e fazer ajustes;
- gerencie o inventário e reduza custos com armazenamento e obsolescência;
- reduza desperdícios variáveis na operação, como conta de energia e uso de matéria-prima;
- implemente estratégias que reutilizam ou otimizam os recursos, como programa de reciclagem e energia solar;
- acompanhe e ajuste o preço dos produtos;
- atue em novos canais de venda.
Entender as despesas fixas e variáveis de uma empresa é fundamental para trilhar o sucesso dela. Como apontou Afonso Nali Melotti, cada uma tem seu próprio conceito, sendo diferentes entre si. No entanto, juntas elas influenciam na saúde de um empreendimento a longo prazo. Por isso, devem ser calculadas e acompanhadas no planejamento financeiro, mesmo antes de abrir o negócio. Dessa forma, é possível manter o bom funcionamento da empresa com segurança, aplicando práticas que diminuem custos e gerem um resultado positivo.
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