Pode até parecer um termo estranho e difícil de entender, mas o due diligence é uma prática essencial para qualquer negócio. Traduzido como diligência prévia ou devida, esse é o processo de análise de uma empresa para identificar possíveis riscos e o seu real valor agregado para todos os interessados, inclusive clientes, fornecedores e colaboradores.
Muito usado para identificar se vale a pena comprar uma empresa já em funcionamento, essa prática também é interessante para manter a saúde financeira do seu negócio. Como? A resposta passa pela análise de parcerias, o que ajuda a reduzir riscos e encontrar oportunidades.
Apesar disso, a 6ª Pesquisa de Maturidade de Compliance no Brasil, da consultoria KPMG, identificou que somente 55% das empresas efetivam o processo de due diligence de terceiros de forma eficiente. Inclusive, o estudo ressalta que há um bom espaço para melhorias nesse quesito.
Por esses motivos, esse é um assunto que vale a pena entender e saber aplicar, mesmo para quem é um pequeno empreendedor. É disso que vamos tratar neste artigo. Então, que tal saber mais? Continue lendo!
O que significa due diligence?
Due diligence significa diligência prévia e consiste em uma análise de diferentes fatores empresariais para identificar possíveis riscos. O objetivo desse estudo é fazer uma verificação detalhada da empresa, do modelo de negócio e dos riscos e oportunidades inerentes. Ao mesmo tempo, ajuda a evitar fraudes e irregularidades no processo de compra de uma empresa ou realização de parcerias.
Por isso, essa análise deve ser feita por todos os empreendedores, já que pode ser um critério essencial para o sucesso. Na prática, podemos comparar a diligência prévia a um cartão de vacinação, ou seja, ela comprova que tudo está sendo feito de acordo com as legislações vigentes.
Nesse sentido, a prática tem tudo a ver com o combate à corrupção e cumprimento dos critérios de conformidade. O assunto é tão sério que a empresária e mentora de novos empreendedores, Monique Evelle, escreveu em sua página pessoal no Substack que o due diligence é uma parte crítica:
“O pente fino mais temido das empresas. Essa é a parte mais crítica e importante no processo de investimento em startups, porque realmente ajuda os investidores a avaliarem a viabilidade, o potencial de crescimento e os riscos associados à empresa”
Vale destacar que esse trecho também é útil para outras situações, não apenas para investir em negócios inovadores. Portanto, tenha certeza de que essa pode ser uma ferramenta bastante relevante para a gestão de negócio.
Qual a diferença entre due diligence e auditoria?
As diferenças entre due diligence e auditoria são o foco e a continuidade do processo. A diligência prévia é realizada no momento de realizar uma transação comercial e/ou estratégica. Por exemplo, ao firmar parceria com um novo fornecedor. Já a segunda prática deve ser constante e visa à integridade da saúde financeira.
Fica claro, portanto, que ainda o due diligence pareça uma auditoria, ele abrange aspectos mais amplos. Por exemplo, jurídicos, financeiros, trabalhistas, fiscais, contábeis, ambientais e tecnológicos.
Por exemplo, imagine que você precise escolher fornecedores para seu restaurante. Antes de firmar a parceria, você precisa analisar a qualidade dos insumos, o prazo de entrega, se é possível fazer pedidos de última hora etc.
No entanto, também é importante verificar se esse fornecedor tem alguma pendência judicial ou fiscal, se costuma cometer atrasos, se está em processo de recuperação devido a problemas financeiros e mais.
Por que esses últimos aspectos são tão importantes? A resposta é clara: se uma empresa estiver com a saúde financeira ruim ou pendências fiscais, ela pode deixar de funcionar repentinamente. Nesse caso, você ficaria sem o suporte adequado. Essa situação impactaria todos os seus processos e ainda geraria prejuízos significativos.
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De toda forma, o due diligence também pode ser usado para analisar processos internos. Assim, você identifica oportunidades de melhoria no seu próprio negócio, podendo até fazer uma gestão de qualidade.
Qual seria o intuito do due diligence?
O intuito do due diligence é garantir a conformidade nos processos realizados, sejam internos, sejam de terceiros. Desse modo, consegue-se identificar a integridade e a precisão dos registros corporativos. Além disso, essa é uma boa análise do posicionamento de marca no mercado em que o negócio está inserido.
Aliás, essa questão do fortalecimento do branding é derivada da capacidade da diligência prévia de detectar se a empresa cumpre o que promete fazer. Caso isso não esteja acontecendo, é preciso fazer correções.
Esses pontos-chave também são analisados no processo de investimento em startups, conforme Monique. Mais do que isso, são decisivos para definir se a parceria será feita.
“Durante o processo de due diligence de uma startup, os investidores geralmente analisam uma série de fatores, como equipe, produto/serviço, modelo de negócio, propriedade intelectual, jurídico, contabilidade, riscos e tudo. É o pente fino. Geralmente, é nessa parte que ocorre a decisão de seguir ou não. Muitas empresas não conseguem provar com dados o que costuma falar no pitch de vendas. Então, não adianta mentir, senão você não vai passar dessa fase”
Essa fala evidencia a importância de uma cultura data driven. Quando você utiliza dados, está mais próximo de fazer uma diligência eficiente, sem erros e falhas. Por isso, é tão importante saber aproveitar os números para gerar inteligência de negócio.
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Qual a importância do due diligence?
O due diligence é importante para ter uma visão holística do negócio, identificando potenciais riscos e oportunidades com clientes, parceiros, fornecedores, investidores etc. Por meio dessa prática, uma análise completa dos processos é realizada, detalhando e aprofundando os detalhes da empresa.
Inclusive, a diligência prévia ajuda na elaboração de uma análise SWOT, no gerenciamento de riscos e na identificação do posicionamento da marca perante o mercado. O objetivo é que todos os aspectos estejam alinhados àquilo que a empresa prega.
Mais do que isso, o due diligence auxilia especialmente em períodos de crise e incertezas. Nesse cenário, Monique ressalta que é adotada uma postura mais criteriosa e cautelosa, conforme descreve em artigo no LinkedIn. Desse modo, é possível evitar riscos desnecessários.
Quais são as vantagens do due diligence?
- As realizações de parceria são mais confiáveis.
- Você identifica os riscos e os benefícios da operação.
- Os requisitos de conformidade são cumpridos.
- Fica mais fácil analisar a viabilidade do negócio e fazer uma gestão de riscos.
- As possíveis fraudes, más práticas de gestão, falhas etc. são identificadas e podem ser corrigidas.
- Os valores envolvidos são mais precisos.
- Você evita fazer um negócio em que os riscos são superiores às vantagens.
- A probabilidade de acertar nas suas decisões é maior.
Quais são as formas de due diligence?
As formas de due diligence ajudam na triagem ao fechar contrato com um novo parceiro de negócios. Nesse sentido, elas podem ser aplicadas das seguintes maneiras:
- Na integração: ocorre ao fazer negócios com um novo parceiro comercial ou ao assinar um novo contrato;
- Contínua: é uma análise constante de parceiros, compradores, fornecedores e empresas. O objetivo é evitar riscos;
- Simplificada: é focada nas informações financeiras e vale para operações de baixo risco;
- Aprimorada: é uma avaliação abrangente, para transações de risco elevado. Por isso, inclui as bases de dados das empresas envolvidas, identificação de sanções, Pessoas Politicamente Expostas e suspeitas de crimes, inclusive econômicos.
Quais são os tipos de due diligence?
- Financeiro: foca as finanças da empresa analisada, como fluxo de caixa, projeções, demonstrações e mais.
- Legal: analisa os aspectos jurídicos, como propriedade intelectual, litígios, contratos etc.
- Operacional: verifica as operações, como cadeia de suprimentos, logística, tecnologia da informação.
- Comercial: consiste em fazer uma análise da concorrência, do mercado, dos clientes e de posicionamento estratégico.
- Ambiental: considera os possíveis impactos à natureza.
- Trabalhista: avalia o cumprimento das leis trabalhistas e se existem processos e outras práticas que geram um contencioso.
- Fiscal e contábil: identifica a conformidade com a legislação, pagamento de tributos etc. Para isso, são revisados livros fiscais, folha de pagamento, certidões negativas, entre outros documentos.
- Tecnologia da Informação (TI): busca saber se existem falhas na segurança da informação e se a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) está sendo cumprida.
- De compliance: é voltada para a governança corporativa. Avalia as políticas e processos internos da empresa.
- Para terceiros: foca a análise de fornecedores, parceiros e prestadores de serviço, a fim de garantir que eles não adotem práticas ilícitas ou antiéticas.
- Em fusões e aquisições: faz um detalhamento completo de ativos, passivos, patrimônio, operações, lucros e outros aspectos financeiros, comerciais, legais, fiscais e tecnológicos.
Como funciona o processo de due diligence?
O processo de due diligence funciona pela reunião de dados e informações para fazer uma análise prévia. O objetivo é reduzir os riscos das operações a serem realizadas ou encontrar oportunidades de melhorias internas.
Por exemplo, ao abrir um restaurante, você pode usar a diligência devida para identificar gargalos e falhas. Nesse caso, é possível perceber que os investimentos em marketing digital não estão trazendo os resultados esperados. Então, consegue-se decidir sobre fazer um curso, contratar um especialista etc.
Outra possibilidade é identificar problemas fiscais, que precisam ser solucionados para evitar penalizações. Porém, também é possível verificar a situação de potenciais fornecedores, parceiros de negócio etc.
De toda forma, o processo é semelhante. A ideia é fazer a análise dos dados e compará-los para tomar decisões acertadas.
Quem faz o due diligence?
Normalmente, quem faz o due diligence é uma equipe especializada formada por consultores externos ou colaboradores internos treinados. Tudo depende da complexidade da diligência que será realizada.
No entanto, para pequenos negócios, o próprio empreendedor pode fazer esse papel. Ainda que não seja um processo bem estruturado, esse monitoramento constante dos dados é fundamental para evitar imprevistos.
Ao mesmo tempo, você pode contar com a ajuda do seu contador, por exemplo, para garantir que tudo esteja sendo realizado da forma correta. Desse modo, é possível até definir um planejamento estratégico de expansão, já que todos os dados estarão disponíveis para sua tomada de decisão.
Como fazer due diligence?
Crie a equipe
Defina as pessoas que participarão do processo. O ideal é formar uma equipe multidisciplinar, experiente e especializada, que entenda de aspectos diferentes e o conhecimento de um indivíduo consiga complementar o do outro. Dessa forma, diferentes informações podem ser interpretadas e analisadas.
Defina o escopo do trabalho
Deixe claro o que será feito no processo do due diligence e quais objetivos são perseguidos. Nesse sentido, é preciso definir quais áreas serão analisadas e elaborar um plano de desenvolvimento detalhado. Esse documento deve incluir os prazos a serem cumpridos, as responsabilidades de cada indivíduo e as atividades que serão executadas.
Mapeie o negócio
O mapeamento do negócio faz parte da definição do escopo. A proposta é identificar especificidades e características que ajudem a saber exatamente como funciona toda a operação no dia a dia. Por isso, é essencial abranger todos os níveis organizacionais, desde o operacional até a gerência. Tenha em mente que essa é apenas uma observação inicial.
Crie a estratégia
A partir da análise do cenário, crie a estratégia mais adequada para a situação percebida. Aqui, não existe fórmula mágica; é preciso avaliar caso a caso.
Tenha acesso a documentos e informações
Colete as informações necessárias, como documentos e dados da empresa-alvo da diligência prévia. A análise deve contemplar contratos, registros legais, demonstrações financeiras, documentos operacionais etc.
Elabore um relatório
A partir da análise feita, a equipe de due diligence precisa criar um relatório com recomendações e oportunidades de melhoria. Além disso, devem ser incluídos os riscos identificados e a proposição de ações.
Faça uma boa gestão de riscos
O gerenciamento de riscos integra a diligência prévia e contribui para as tomadas de decisão estratégicas e a eficiência nos processos. Ao adotar essa prática, você identifica possíveis problemas antes mesmo de eles acontecerem. Assim, toma medidas preventivas, que evitem dificuldades posteriores.
Por exemplo, se você perceber que determinado equipamento precisa passar por manutenção, uma medida de gestão de riscos é chamar o técnico antes mesmo da quebra da máquina. Assim, consegue-se pagar menos e evitar a interrupção do funcionamento do seu negócio.
Apresente os resultados
Mostre para toda a equipe quais são os resultados alcançados e o que ainda requer melhorias. Desse modo, os colaboradores ficam alinhados com os objetivos de negócio e contribuem para a melhoria dos processos.
Quais são os desafios do due diligence?
- Falta de acesso a informações completas e precisas.
- Ineficiência na alocação de tempo e recursos.
- Não cumprimento da conformidade.
- Dificuldade na comunicação entre as partes.
- Mau funcionamento dos sistemas de prevenção de fraudes.
- Falta de eficiência nos controles internos.
- Necessidade de analisar grandes volumes de informações.
Assim, ainda que o due diligence pareça algo distante dos pequenos negócios, você pode aplicá-lo de maneira simplificada. Afinal, se o objetivo é deixar a sua empresa ainda melhor, vale a pena acompanhar todos os detalhes para aumentar a sua chance de alcançar o sucesso.
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